Dilce
![Imagem](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgq_wqotaldrGNfN7qadLjBR5ZIN5QlmEyl27SxfjFM20RIa4_k3x9bc4A42ZNGAr74MWIGYGeZaStJ7p_IbyJYu6sJl6ybRqZW-j6Vr9sHNbH-t4aQ4JyXK2N_bGOhqOKx0QKBY-BiRNfX/s320/IMG_5312.jpg)
Era certo. Todo dia santo, de festejo ou de descanso, a senhorinha da cidade grande visitava a senhorinha sertaneja. Não que a senhorinha da cidade grande não tenha sido um dia uma senhorinha sertaneja. Mas aquela senhorinha sertaneja fora uma vida inteira apenas senhorinha sertaneja. Dali, do pé do alto, Dilce nunca saíra para nada mais distante do que uma milha. Era o rumo de ida e volta da bodega onde comprava alguma coisa que o roçado não lhe rendia. E Tereza, a senhorinha da cidade grande, se espantava com tamanha vontade da amiga de se enraizar. De ser bêradêra, como se referia a quem morava às margens das estradas. Porque ela, Tereza, deixou de ser uma. Floresceu cedo. Ainda menina. Trocou os caminzim de terra, as beiras de estrada, pelo mundo. O mundo todo. “E o mundo todo é muito canto e muita gente”. Sempre dizia isso ao filho mais companheiro. Sempre dizia isso a Dilce. Sempre dizia isso a si mesma. Para não se esquecer-se. Para sonhar sempre. Porque sonhos ...